
O dia de ontem terminou com a notícia da partida prematura da cantora Sara Tavares.
Notícia triste e inesperada para aqueles que não faziam parte do seu círculo mais próximo.
Fui-me deitar e senti tristeza. Ainda tinha muita vida pela frente e sonhos por realizar.
Há pessoas com as quais não privamos, mas, pela forma gentil e empática com que conduzem a sua vida, acabamos por criar uma ligação afectiva mesmo sem as conhecermos intimamente.
É curioso como, por vezes, nos conectamos emocionalmente com pessoas que nunca cruzaram o nosso caminho de forma directa. É a beleza intrínseca da vida que essas pessoas emanam que nos tocam profundamente, mesmo sem conhecermos suas histórias pessoais.
Notícias, assim trágicas, levam-me a reflectir sobre minha própria caminhada na vida. Sobre os sonhos que guardo no âmago do meu coração, aqueles que ainda não ousei perseguir com fervor. Sobre os talentos que possuo, mas que muitas vezes subestimo ao não lhes dar o devido crédito.
Reflicto também sobre o tempo que desperdiçamos com futilidades e trivialidades, com conversas vazias que não acrescentam valor algum às nossas vidas.
Tempo perdido com sentimentos e situações humanas, que tantas vezes, sugam as nossas energias vitais, e que deveriam ser investidas naquilo que nos eleva como seres humanos.
Com frequência, acreditamos que o tempo é algo que temos de sobra, como se a morte fosse um evento apenas reservado aos outros. Mas a partida prematura de Sara Tavares é um lembrete doloroso de que a vida é frágil e efémera. Um convite doloroso à reflexão pessoal, uma chamada de atenção para que aproveitemos cada momento da melhor forma, cada sonho que existe, cada talento que possuímos, e que valorizemos as relações e experiências que realmente nos enriquecem.
Que possamos, assim, aprender e honrar a memória daqueles que se foram cedo demais.